quarta-feira, 17 de julho de 2013

Repetição e angústia: origens da perversão



Estudar a perversão era um desejo que eu tinha desde os tempos da graduação, e que foi primeiramente esboçado num texto que escrevi sobre o livro “O colecionador”, de John Fowles (não, não é o de ossos). Nessa história fictícia, o personagem principal é desvelado - pensando aqui no sentido de tirar o véu da moral e do distanciamento que a perversão provoca em nós - para além de seus atos criminosos, nos dando acesso a outras facetas de sua personalidade, como a insegurança, a solidão, e o sofrimento psíquico que advém da culpa. Esses elementos, conjugados com uma prática violenta – aprisionar e admirar até a morte tanto borboletas quanto mulheres – demonstram o refinamento do autor no processo de composição de seu personagem. 



Foi exatamente a idéia - ou a ilusão - de conhecer um perverso mais de perto, questionar seu comportamento, tentando encontrar, além de sua violência, um sentido, um fio encadeador em sua história, que me seduziu desde o início.

Seduzida, então, por um perverso, me vi às voltas com a difícil tarefa de identificar nele algo mais que a irracionalidade da violência, que a dificuldade de estabelecer laços, que a maldade pura e absoluta. Foi pensando nesse desafio que iniciei uma pesquisa de mestrado na UFMG, há três anos.

Apesar de algumas mudanças no que tange ao referencial teórico, e também à maneira de conduzir a reflexão sobre o tema, acredito que meu objetivo principal foi mantido e alcançado. Terminei por analisar um seriado de TV que conta a história de um assassino em série, privilegiando, nesta análise, os pontos traumáticos ocorridos durante sua infância e adolescência. Incluir esta parte prática e ilustrativa fez toda a diferença no produto final, pois isso me protegeu – pelo menos um pouco, acho – de uma escrita teórica maçante e desconectada com os fenômenos sociais, algo que eu sempre critiquei e temi.




Dexter – nome da série, e do personagem principal – me seduziu completamente, ainda mais que o rapaz das borboletas, e desta vez assumi esse afeto para usá-lo a meu favor. Foi então para entendê-lo, perdoá-lo, e resgatar parte dele que escrevi as cento e tantas páginas da minha dissertação. Tomando-o como paradigma dos protagonistas de atos violentos que parecem retalhar nossa capacidade de identificação, tentei salvar Dexter do julgamento apressado e da classificação imediata: monstruosidade.  



O livro que lanço em setembro - mas já está à venda na Amazon - é uma versão desse trabalho que realizei no mestrado. Traz um percurso teórico interessante sobre o tema no contexto da psicanálise, acompanhado do diálogo do caso Dexter com as idéias dos autores que li. São eles: Joyce McDougall, que faz contribuições bem originais sobre a perversão a partir de um referencial winnicotiano; René Roussillon e Claude Balier, que abordam as fragilidades narcísicas existentes nestas patologias que se exprimem através da violência; Gerard Bonnet, autor que trabalha a perversão a partir da lógica da sedução originária; e Jean Laplanche, cuja leitura é imprescindível quando se trata do polimorfismo da sexualidade. 

Em breve postarei mais informações sobre o lançamento. 

Para comprar o livro:

http://www.amazon.com/Repeticao-angustia-origens-perversao-Portuguese/dp/8581801110/ref=sr_1_1?ie=UTF8&qid=1374110439&sr=8-1&keywords=repeti%C3%A7%C3%A3o+e+ang%C3%BAstia

Ebook:

http://www.amazon.com/Repeti%C3%A7%C3%A3o-Ang%C3%BAstia-Pervers%C3%A3o-Portuguese-ebook/dp/B00DOJ50AO/ref=sr_1_2?ie=UTF8&qid=1374110439&sr=8-2&keywords=repeti%C3%A7%C3%A3o+e+ang%C3%BAstia


 

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