sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

5 minutos

- Daí que a pessoa me vem com um acompanhante que, sinceramente!
Não é nem por gosto MEU, sabe, nem preconceito, nem nada. Mas é que... tem pessoas que simplesmente... não dá!!!
- ...
- Eu sei, o cara é falastrão. Com aquele jeitão de entendido, parece que tem um conselho pra te dar sobre qualquer coisa, até sobre plantação de abacaxi. Mas, ah... pelo amor de Deus!!
- O que mais te incomodou?
- MAIS?? TUDO!! Horrendo, cena terrível, ver uma mulher tão esperta, tão interessante, tão incrivelmente interessante que me faz reavaliar tudo o que eu já tinha como certo... e aí ela está com este tipo de carinha?
O que é que eu deveria ser, como é que eu deveria ser, então, pra ter o amor dela? Um imbecil? Um perfeito otário, sem o mínimo de profundidade, de verdade, de sentimento que se possa perceber, que se possa considerar para além das formalidades? Eu deveria apenas representar, e bancar o certinho, e me mover corretamente, andar corretamente, dizer tudo corretamente, apenas porque é o jeito certo, e são boas maneiras?
- ...
- Sabe, e quando penso que ela se interessou por mim exatamente porque sou o oposto disso... ou pelo menos fingiu que se interessou, né? Pelo visto fingiu. Ou se interessa por todo mundo, vai saber...
- Seria mais fácil se ela se interessasse, olhasse,conversasse, e se sentasse à mesa só com você?
- Ah, mas que diabo! Não me venha com estas perguntinhas irônicas! Eu reconheço muito bem esse seu tom irritante, como se, percebendo toda a minha desgraça, ainda zombasse dela. É claro que eu queria. Claro que eu queria ter aqueles olhos, e aquelas palavras, aquela voz, tudo só pra mim. E que mal há nisso? Por acaso agora também devo me sentir culpado por não querer dividir a pessoa que eu...
- Que você?
- Que eu...
-...
-Enfim. O cara era um babaca.

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