sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Um par de meias

Prometi a mim mesma que não faria uma postagem sobre o Natal.
Não gosto muito desta papagaiada.
Não tenho nada contra a ceia - não mesmo!
E também gosto dos presentes, quando eles vêem.
Mas me incomoda o sentimentalismo artificial.
Não me sinto confortável em ter que abraçar uma pessoa da qual não gosto, e falar "te desejo um feliz ano novo!", sendo que na verdade não desejo. 
Acho, no mínimo, infantil e maníaca essa aura de "bom mocismo" que nos invade em dezembro.
E os apelos são tão fortes, o bombardeio é tão pesado, que uma ou outra breguice acabamos cometendo.
Estou aqui a escrever que "não gosto disso e aquilo no Natal", o que configura um certo falar sobre estas atividades festivas, das quais eu tinha me proibido, tamanho o clichê.
Tenho duas recordações muito boas desta data: uma de quando eu ganhei um aparelho de som do meu pai, aos seis anos. Foi um presente muito maior do que eu esperava, e fiquei bastante contente.
A outra é de um Natal que acabei passando na casa da avó de uma prima, na fazenda. 
Não me lembro bem porque fui parar lá, já que nem meus pais, nem meu irmão foram.
Também não me lembro quantos anos eu tinha, mas foi pouco depois do Natal que acabei de citar.
Não teve nada de extraordinário na noite. As tias da minha prima ficaram fazendo um suspense sobre os presentes que ela ganharia, e sobre a chegada do Papai Noel.
Nós alucinamos sua entrada na casa, e até os detalhes de sua roupa vermelha. "Eu vi ele, eu vi!!" 
Mas o mais legal, foi que na hora de abrir os presentes, eu ganhei um par de meias.
Eram bonitinhas, mas nada que justificasse a permanência dessa lembrança até os dias atuais.
O que me intrigou foi que eu tinha ido (sido despachada?) à ceia bem na última hora, ninguém sabia que a minha prima traria uma penetra  convidada, e mesmo assim, na embalagem estava escrito: "para Larissa".
Passei a noite toda pensando como era curioso aquilo. Alguém estar te esperando, sem saber que você vem.
Na minha ingenuidade, não passou pela minha cabeça que algum netinho tinha ganho um par de meias a menos, para que eu fosse incluída na cena.

De qualquer jeito, a acolhida da "vovó por uma noite" não passou em branco pela cabecinha de uma menina sedenta por Barbies, mochilas da Company, e patins.

Ser desejado antes mesmo de ser.
Acho que este é o único presente que vale a pena, e que compensa a baranguice natalina.
Venha ele como vier.


Nenhum comentário: