Eu não trabalho com alguns conceitos. Não trabalho com algumas possibilidades. Não trabalho, por exemplo, com a ideia de não comer chocolate.
"Cortei o açucar", disse-me outro dia um trintão.
Acho que nem quando eu tiver tipo, noventa anos, eu vou trabalhar com essa dieta.
No sugar, no gain, meu lema.
Outro dia eu li um blog, e a moça falava que não trabalha com voluptuosidade. Tá no direito dela.
Eu, no momento, não trabalho com denegação.
Fui explicar pra um lacaniano qual era a minha questão de mestrado. Perversão, McDougall, introjeção, identificação, Laplanche, primazia da alteridade, etc.
Ele pediu que eu explicasse como se pode pensar em perversão sem ter de falar em denegação e fetichismo.
Acho legítima sua pergunta. Entendo.
Mas, a questão é que eu não trabalho com a denegação agora.
Sei que existe, tá lá, sei as referências, tenho até as referências aqui em casa, na estante.
Mas é de uma simplicidade reconfortante isso do NÃO.
A escritora não quer saber de sensualidade.
Eu quero saber do meu açucar.
Minha dissertação quer saber da McDougall e do Laplanche.
O Lacan, a denegação, e o fetichismo eu não tenho trabalhado.
E é um jeito muito prático de aprofundar no meu tema de pesquisa, este de "não querer saber".
Nenhum comentário:
Postar um comentário